Diretrizes
Em suas diretrizes, essa ação visa promover a formação continuada de professores indígenas, que priorize produção de material didático e a alfabetização (letramento/numeramento) em língua materna, considerando a realidade sociolinguística dos povos indígenas atendidos, a partir dos seguintes eixos: a) Alfabetização/Letramento em Língua Indígena; b) Alfabetização/Letramento em Língua Portuguesa como língua materna; c) Alfabetização/Letramento em Língua Indígena ou Língua Portuguesa como segunda língua ou língua adicional; e d) Conhecimentos indígenas e artes verbais.
As ações devem ser fundamentadas, de fato, para o diálogo intra e intercultural, abrindo espaço em todos os sentidos possíveis para uma educação escolar indígena alternativa, capaz de atender às demandas de valorização dos saberes indígenas nos currículos escolares. Para isso, é fundamental que trabalhem conjuntamente indígenas e não-indígenas, em um permanente exercício de protagonismo compartilhado, o que implica um processo constante de reposicionamentos, inclusive epistemológicos, de todos os envolvidos, bem como de diálogo com o passado e com as realidades vivenciadas no presente, a partir das quais se possam refletir em conjunto os valores dos saberes indígenas nos contextos intra e também interculturais.
Quando falamos em Saberes Indígenas na Escola, algumas perguntas vêm a tona: que tipo de educação escolar é oferecida atualmente nas escolas indígenas? Os cursos de formação de professores indígenas preparam para atender às demandas específicas das comunidades, quanto às diversas realidades sociolinguísticas? Como se dá efetivamente a valorização da língua materna e a produção de materiais didáticos? Essas questões são profundas, principalmente se considerarmos o histórico da educação escolar indígena e o histórico da formação dos professores indígenas em cursos específicos ou não.
Essa breve contextualização visa problematizar o desafio que é incluir, de fato, os saberes indígenas nas escolas, desde a alfabetização, pois as instituições de ensino das comunidades indígenas se fundamentam, mesmo nos dias atuais, em uma visão disciplinar, ou seja, uma forma fragmentada de lidar com os conhecimentos, modos de agir, sintetizados nas tentativas de homogeneização histórica da colonialidade do saber. O grande desafio das equipes (Núcleos) de educadores da ação ‘Saberes indígenas na escola’ é fazer com que sejam respeitados os direitos dos cidadãos indígenas, a situação sociolinguística das comunidades, que podem ser bilíngues, ou não. Neste caso, qual seria a língua da alfabetização? Essas são questões importantes a serem consideradas na formação de todos os envolvidos, na construção de metodologias e produção de material didático para a alfabetização e ensino de línguas indígenas como primeiras e segundas línguas.