Sem policiamento em aldeias, índios encontram até armadilha para roubo
Depois da saída da Força Nacional das aldeias Bororó e Jaguapiru, em Dourados, a 215 quilômetros de Campo Grande, lideranças indígenas encontraram até armadilhas utilizadas em roubos durante rondas. Foram achadas pelo menos 40 armas nos últimos meses.
A Força Nacional e o Ministério da Justiça foram procurados, mas não se pronunciaram até a publicação desta reportagem.
As armadilhas são pedaços de bambu com arame nas pontas. O equipamento é usado pelos bandidos para parar os motociclistas que andam à noite nas estradas da reserva. Além disso, lideranças encontram facões, foices e facas durantes as rondas que são feitas na aldeia Bororó.
Sem o policiamento, as lideranças do conselho indígena procuraram o Ministério Público Federal (MPF) no fim de julho. Baseado na denúncia do MPF, a Justiça Federal determinou o retorno da Força Nacional às aldeias em 72 horas, para evitar a quebra do acordo realizado em 2011.
A multa em caso de descumprimento é de R$ 100 mil por dia. Mas até o momento, não há sinal de policiais pelas estradas da comunidade indígena.
Atualmente, a reserva de Dourados tem mais de 14 mil indígenas distribuídos em cerca de 3,5 mil hectares. Em Mato Grosso do Sul, dentro das reservas indígenas a taxa de assassinatos é três vezes maior que a média nacional. Nas aldeias Jaguapiru e Bororó não é diferente.