Estudantes de SP atendem índios no colo em trabalho voluntário em MS
Em consultórios improvisados na escola e na quadra de esportes da aldeia, indígenas de Mato Grosso do Sul recebem atendimento saúde bucal na aldeia Jarapiru em Dourados, a 214 km de Campo Grande.
O trabalho voluntário faz parte do projeto Unividas, que envolve um grupo de universtiário do interior de São Paulo.
A ideia do projeto surgiu há cinco anos, a partir de um projeto social do padre Eduardo Lima. Ele fez parcerias com universidades e instituições que selecionam acadêmicos do último ano para atuar na prática por uma semana dentro da aldeia, uma vez por ano.
O objetivo é humanizar o atendimento, segundo o padre. As consultas são feitas dentro da escola da aldeia, em consultórios improvisados onde os pacientes deitam no colo dos futuros profissionais de odontologia.
“A gente acrescenta o trabalho humanitário. Olhamos hoje a sociedade e existe uma escassez de trabalho que humanize. Nós falamos tanto em profissionalismo, em ética profissional, em cidadania e quando entramos em contato com realidade bem atípica àquela que estamos acostumados, sobretudo os universitários, a gente entende um pouco o que é humanizar”, ressaltou o padre.
O trabalho para mudar a saúde bucal dentro da aldeia é feito desde o início do projeto. Quem mora na aldeia, aprova a iniciativa e diz que demonstra gratidão pelo trabalho recebido. Os voluntários dizem que a experiência não é só profissional.
“Em faculdade a gente tem materiais bons, equipamentos bons, está todo mundo ali, tem o pessoal que pega material, que faz as coisas. Aqui não, aqui é a vida”, disse o estudante Pedro Hiaggo.
Rafaela Pereira, também universitária diz que vai levar várias experiências. “Para casa eu vou levar de tudo, tirando o choro que já chorei. São tantas crianças que cada uma que cada uma, antes de eu deitar, vou lembrar do rosto de cada uma. Porque a gente aprende a dar valor nas coisas que a gente tem em casa, na faculdade da gente, saber que o que nossos pais proporcionam e saber que essas crianças não têm a metade do que a gente tem”, explicou.
Segundo a professora Ivana Esteves, o projeto já apresenta melhorias na aldeia. “Nesses cinco anos que a gente tem de atividade, nós conseguimos essa melhoria. Eu acredito que já seja um avanço, afinal de contas, a odontologia está aí para melhorar o sorriso e a saúde e não para mutilar”, avaliou.